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quarta-feira, 7 de maio de 2014

Pensando Bem... Machado de Assis adaptado?


Domingo, dia 04 de Maio, o site da Folha de São Paulo trouxe a seguinte manchete:

Escritora muda obra de Machado de Assis para facilitar a leitura”

A publicação trata da iniciativa da autora Patrícia Secco que deseja simplificar os textos machadianos para que os jovens se interessem mais.
Quando li o texto e a discussão que surgiu no Twitter no dia seguinte, parei para pensar. Afinal, simplificar as obras de Machado que têm como uma das principais características a complexidade é uma boa ideia?

Uma das minhas maiores frustrações com as escolas é que elas fazem da leitura uma coisa obrigatória e isso faz com que os jovens acabem desanimando. Mas não iludo-me a ponto de acreditar que todos os jovens vão voluntariamente pegar um livro e se envolver por suas palavras, tenho em meu irmão um destes, que só se importam com tecnologias e gráficos bons (ainda irei trazê-lo para o nosso lado).
Resumindo temos que incentivá-los e isso não é fácil, principalmente tendo tecnologias e gráficos excelentes como adversários. Afinal, ler um clássico demanda tempo, atenção e um dicionário, enquanto o computador com um filme em 3D dublado é muito mais simples. Mas não é impossível convencê-los.
Eu li com uns 12 anos grandes autores  como Victor Hugo, Alexandre Dumas e Miguel de Cervantes
Bem, mas como ambos, o incentivo aos jovens  e o fato de eu ter lido grandes autores, se encontram? Simples, eu li adaptações desses grandes. 
Agora, caro leitor, achas mesmo que todas as crianças, com pouco mais de uma década de vida poderiam ler Don Quixote de La Mancha, Os mosqueteiros e Os MiseráveisSe realmente acredita nisso, preciso dizer-lhe que se engana.
Sei que no fundo eu não li realmente suas obras, mas conhecer a essência de suas histórias fez com que eu me apaixona-se e desenvolve-se uma necessidade de um dia vir a ler as obras reais, se possível na língua de origem. Pois é importante lembrar que mesmo com as adaptações as histórias originais ainda existem.
Por que então seria diferente com os jovens da "geração Y" e Machado
É claro que deve-se ter cuidado, como em todas as adaptações, mas não creio que devemos simplesmente descartar essa ideia. Preciso destacar que as falas da autora citadas na reportagem incomodaram me um pouco, não sei exatamente o motivo, sinto muito não conseguir explicar, é uma sensação incomoda sempre que releio.
Enfim, eu amo Machado (Memórias Póstumas é brilhante) e acredito que sua obra é insubstituível, mas que para conquistar mais leitores as adaptações são bem-vidas no começo, mas que com o tempo os leitores mesmo vão buscar os originais.

E vocês o que acham? Todo comentário é aceito, contrário ou a favor, desde que seja feito com educação. 

Nota: Comecei a ler Machado quando já estava mais madura literariamente falando.

10 comentários:

  1. Muita gente acha um absurdo essa obra "facilitada" do machado... Mas acredito que quem não concorda, tem uma visão muito idealista do leitor brasileiro.
    O brasileiro lê muito pouco. A leitura não é estimulada, os preços são absurdos e as escolas insistem em empurrar garganta abaixo clássicos para os jovens que estão recém saindo de gibis da "turma da mônica".
    Nao acho que seja subestimar o leitor! Muitas vezes as pessoas ainda não tem o amadurecimento necessário para ler determinado clássico. Se estivessem substituindo nas livrarias o original pelo facilitado, eu com certeza seria contra.
    Mas estão dando mais uma opção para conhecer a obra! Algo como uma "introdução". E nada impede a pessoa de, depois de ler o facilitado, ler o original.
    Eu mesma, quando adolescente, li Dom Casmurro obrigada pela escola e ODIEI!
    Só depois de anos resolvi dar uma segunda chance ao livro e gostei muito! Talvez se eu tivesse lido na época uma versão facilitada, eu não teria demorado tanto assim para dar uma segunda chance ao livro.
    Acho a iniciativa ótima e acredito que abrirá portas para esses futuros leitores se cativarem com os clássicos e instigará a curiosidade de ler o original.

    Beeijo Karol!

    Juliana
    www.livreeespontanealeitura.blogspot.com

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    1. Oie Juliana!

      É por aí que acredito. Não acho que adaptar grandes obras seja ruim por completo, pois de alguma forma acabarão incentivando o leitor a ler os originais.
      Depois de ver vários adolescentes dizendo que não gostam de Machado, percebi que pelo que diziam essa aversão é por não entenderem aos obras.

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  2. Olá Anna. Primeiramente, fico muito feliz em encontrar outra pessoa que leu Sr. Ardiloso Cortês!
    Agora, sobre seu post. Eu tinha visto essa notícia em outros lugares e não acho que seja uma "solução" para atrair o público jovem. Eu acredito que a solução seja incentivar a leitura aos jovens e ir preparando a cabeça deles para ler os clássicos (mas não só os clássicos), pois começar uma leitura com Machado é complicado para qualquer iniciante.

    http://refugiorustico.blogspot.com.br/

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    1. Hey Maria!

      Bem, realmente essa seria a melhor solução, mas, sinceramente, nas escolas que conheço não é o que ocorre. Os professores exigem que os meninos leiam clássicos, mas não os mostram que a leitura pode ser prazerosa e mesmo que as vezes seja trabalhosa. Precisamos de uma mudança na educação.

      Ps.: Eu amo o Ardiloso! haha

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  3. Esse é realmente um assunto muito polêmico. Concordo com você e também acho que com o tempo as crianças irão procurar os originais, mas é bem difícil disputar com a tecnologia.
    Ótimo post, adorei o blog ja to seguindo, se puder retribuir s2

    Www.booksever.blogspot.com

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    1. Polêmico mesmo! Você precisava ver as discussões que gerou no twitter... rsrs
      A tecnologia é mesmo algo muito difícil de confrontar, por isso sou a favor de incentivar o gosto pelos livros desde bem cedo, mesmo que no inicio seja apenas com gravuras.

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  4. Oi Anna, isso é babado!!!

    Não acho que deveriam mexer nos textos do Machado, pra incentivar a leitura existem zilhões de outros livros outras histórias, outros enredos. Vc leu Machado quando tava madura literalmente e eu também, não adianta forçar a barra e mudar o jeito como o homem escreve. É o que eu acho rsrs

    Beijos

    www.reticenciando.com

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  5. Oi, Anna!
    Confesso que não sou completamente a favor desta ideia da Patrícia, que apesar de ser uma proposta muito boa, talvez seja um pouco "ousada demais". É como você disse no início do post: "Afinal, simplificar as obras de Machado que têm como uma das principais características a complexidade é uma boa ideia?" Comecei a ler (por escolha mesmo) Machado de Assis (em especial, Dom Casmurro) e a linguagem rebuscada não foi o que me fez não prosseguir com a leitura, longe disso. Tenho uns 3 exemplares do livro aqui e o que eu não gostei foi da adaptação, que na minha opinião, foi muito mal feita. Peguei a versão original e estou gostando muito mais.

    Beijão!

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  6. Oi Aninha, tudo bem?
    Fiquei triste com essa notícia. Minha humilde opinião: a linguagem de Machado e de tantos outros clássicos nunca foi o problema, por isso sou contra alterar o texto desses clássicos. "Facilitar" é deseducar. Infelizmente vivemos em um mundo cercado de tecnologia, os jogos e a TV, e os filmes, trazem tudo pronto, não precisamos nos esforçar. Você disse que para ler tinha que ter o dicionário na mão, mas ter que pegar o dicionário, aumentou o seu vocabulário e melhorou sua escrita sem você perceber. Como vamos aprender a escrever as palavras sem conhecê-las? Lembra que para fazer os trabalhos da escola tínhamos que ir às bibliotecas para fazer pesquisa? Hoje é só imprimir uma página da internet que o trabalho já está pronto. O que estão aprendendo com isso?
    beijinhos.
    cila-leitora voraz
    http://cantinhoparaleitura.blogspot.com.br/

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  7. Oie Anna!
    EU tenho meus prós e contras.... Na verdade o Machado de Assis é um autor que para ler suas obras é necessário ter um espírito de leitor mais crítico, saber interpretar o que ele quer dizer, Machado se diferencia de muitos outros ( e isso que me faz gostar das obras dele) pelo fato de não deixar suas ideias tão explícitas, ele provoca o leitor a interpretar, reler, juntar os pontos e compreender suas ideias. Sendo assim acredito que uma adaptação talvez não fosse uma boa ideia, creio que acabaria tirando um pouco da essência, dessa marca registrada do auotr.
    Por outro lado o número de pessoas que não leem são enormes, haja vista, que a intenção da autora é incentivar a leitura, então a adaptação seria uma boa ideia!

    Beijos!
    Meu Diário

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